terça-feira, 14 de outubro de 2008

Fátima Bernardes - reportagens sobre a Fada Bela

O SONHO DE SE TORNAR UMA 'ANCHORWOMAN' - Na Globo desde 1987, Isabela Farias começou sua carreira quatro anos antes no GLOBO, trabalhando nos Jornais de Bairros, o que a fez ser convidada a desfilar pela União da Ilha em 86, quando esta escola apresentou um enredo homenageando a imprensa. Nesta ocasião, ela acumulava suas funções no jornal com as de repórter de televisão. Quando foi convidada a apresentar o "RJ TV", em substituição à locutora anterior, que tirara férias, Isabela deixou o GLOBO. Logo depois, em 1988, passou ao "Jornal da Globo", no qual está até hoje. Se recusando energicamente a falar da vida afetiva, a apresentadora pretende muito ainda em sua carreira. Diz que tem como ídolo Marília Gabriela e um desejo muito grande de se tornar uma anchorwoman:

- Duvido que exista hoje uma jornalista de televisão que não pense nisso. Em conhecer tudo em um telejornal, reportagem, edição, entrevista, enfim, ter um domínio sobre os detalhes de seu trabalho. Meu caminho vai ser esse. Já estou aprendendo muito, no ''Jornal da Globo", e acho que vou gostar de fazer o que a Marília faz.

Apontada pela maioria dos telespectadores como a locutora que menos erra nos jornais de TV, Isabela Farias também acredita que cada vez mais o jornalismo vai se tornar informal, via televisão. Para ela, já passou o tempo do jornal que não erra. Há que se ter cuidado para não errar ela explica - mas não é preciso se desesperar diante de um erro. Esse talvez seja um de seus segredos:

- Acho que erro pouco porque tenho um bom controle emocional, porque fiz muita reportagem ao vivo na rua, porque, quando acendem as luzes, a minha adrenalina não passa mais da garganta, porque, antes, leio exaustivamente o texto e porque não me assusto com o erro. Só quem faz erra. E, se erro, corrijo o erro e sigo em frente.

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 27/9/1992
Autor/Repórter: Marcos Salles

NO COMPASSO DA NOTÍCIA

Depois de enfrentar um furacão durante as férias na Disneyworld, Isabela Farias nega que vá se tornar atriz e sonha com um programa em que possa fazer entrevistas e dançar

"E atenção! Isabela Farias deixa o 'RJ-TV' e o 'Jornal da Globo' para estrear como atriz." Este boato provocou tanto rebuliço no Departamento de Jornalismo da Rede Globo, na segunda-feira passada, quanto o furacão "Andrew" que assolou Miami há cerca de um mês e acabou com as férias da jornalista.

A origem de tudo foi o entusiasmo do diretor Carlos Manga com a performance de Isabela na mensagem de fim de ano do "Tente, invente. faça um 92 diferente" e um convite para que se transformasse em atriz. Na mensagem, Isabela voltou a usar sapatilhas e uma ginga especial num elogiado número de sapateado.

- Carlos Manga disse que eu seria uma nova Eliana Macedo, que trabalhou com ele na época da Atlântida. Disse que eu poderia fazer uma coisa mais solta, representando, dançando, cantando. Confio no talento dele, mas não no meu. Não tenho vocação para atriz. Posso até fazer mais do que faço, mas interpretar um papel, não. Até lembrei a ele que um dia me cortara de um comercial de cigarros, sem nem me ver. Na época eu era menor de idade e não podia participar.

O convite fez crescer em Isabela a idéia que acalenta de, um dia, comandar um programa jornalístico mais extrovertido. Projeto que ainda necessita de amadurecimento:

- E lógico que esse convite mexeu comigo, mas sou apaixonada pelo que faço, o que não significa que eu pretenda apresentar notícias a vida inteira. Tenho o direito e o dever de sonhar e seria perfeito se recebesse uma proposta de um programa em que pudesse entrevistar e até mesmo dançar.

Novidades, por enquanto, apenas sua presença no comando do "Fantástico", nos dias 4 e 11 de outubro, cobrindo as férias de Dóris Giesse.

A decisão de recusar-se a ser atriz não esconde, porém, a alegria de quem viu crescer, depois do número de sapateado, a legião de fãs: - No "Jornal da Globo'', centrado basicamente de na política e na economia, passamos uma imagem muito séria. O fato de revelar esse outro lado, dançando, fez as pessoas se aproximarem mais de mim, escreverem cartas. Sei que não estava maravilhoso tecnicamente, mas fiquei muito contente com o resultado e seus desdobramentos.

Fã do talento de Glória Pires - segando ela, uma das atrizes que, em cena, mais prendem a sua atenção - Isabela tem a dança como companheira desde os 7 anos de idade. E foi justamente em 91, quando voltou à academia, após cinco anos de afastamento, que foi chamada para gravar a mensagem:

- Cheguei a fazer peças infantis na academia de balé, como "O rapto das cebolinhas" e "A flauta mágica". Era o que eu mais amava na vida. Houve épocas em que nem namorava por causa da dança, que só larguei pelo jornalismo. Não posso deixar mais uma vez aquilo que adoro. Estudei tanto para ser jornalista! Não nasci para ser atriz e não posso sair por aí arriscando...

SUSTO NO IMPROVISO COMO CORRESPONDENTE - O ano de 1992 tem sido marcante para Isabela Farias. Depois da cobertura da Rio-92, estreou no esporte da Globo, nas Olimpíadas de Barcelona e presenciou as conquistas das medalhas brasileiras de Gustavo Borges na natação, de Rogério Sampaio no judô e do vôlei masculino.

Com o fim das competições, as emoções de Isabela - que sonhava com uma merecida a de descanso, na Disneyworld, estavam apenas começando. Após cinco dias, ela começou a ficar preocupada com o noticiario sobre a aproximação do furacão "Andrew". Resultado: localizada no hotel do aeroporto de Orlando pelo Departamento de Jornalismo da Globo, ela fez sua estréia como correspondente internacional:

- Aí tive a noção do que é ser correspondente. Em Barcelona tínhamos um esquema montado, com ilhas de edição. Desta vez conheci o cinegrafista Paulo Zero lá mesmo, na hora. Tínhamos que correr para gerar as reportagens nos estúdios da Universal e na ABC. Chegamos a dormir no saguão do hotel.

Nos seis dias de trabalho, além de ''assustar-se'' com os destroços provocados pelo furacão e de suportar viagens de avião - um de seus medos - Isabela sofreu com a alimentação:

- A comida era macarrão com molho branco, vermelho ou então com atum. Como não tinha gelo, os refrigerantes eram quentes e, para o café da manhã, tínhamos de acordar bem cedo. Se perdêssemos, não haveria como repor. Foi uma experiência bem diferente.

Antes do furacão que arrasou Miami, Isabela enfrentou um terremoto:

- Eu estava numa estação do metrô e veio o aviso. O trem balançava, as paredes rachavam, a calçada subia, um hidrante vazava, o teto desabava e um caminhão de combustível explodia. Era uma gritaria terrível, mas tudo não passou de uma brincadeira na Disneyworld conta ela sorridente.

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 19/12/1992
Autor/Repórter:

ENTREVISTA COM ISABELA FARIAS

Lá vai ela de mala, microfone e cuia para o domingão. O dia-a-dia do Jornal da Globo perderá uma metade. Isabela Farias está pronta para se atirar nos braços do Fantástico e deixar o fim de noite para trás. Isabela dá o passo mais largo da carreira televisiva, que começou há seis anos, no RJ - 3ª edição. No rastro dos 30 anos, Isabela sapateou, foi repórter de jornal e aportou na televisão. Em pouco tempo aconteceu o contrário: a TV a descobriu. Deu no que deu, o horário nobre do domingo é seu a partir do próximo ano, ainda sem data certa. Medo, nem pensar. Ela só não gosta muito de falar antes de acontecer mesmo. É só questão de tempo. O domingão está no papo.

— E o 'Fantástico', era uma paixão antiga?

— Não esperava ser chamada para ficar fixa no programa, achei que era para cobrir férias. Levei o maior susto em 89 quando apresentei pela primeira vez substituindo a Valéria Monteiro. Achei a proposta ótima, mas ainda não sei quase nada sobre ela. Não sei quando começo nem quem vai fazer comigo.

— A apresentadora deu um chega para lá na repórter, ou ainda tem jogo?

- —Não quero de modo algum largar a apresentação, mas também não penso em deixar a reportagem. Na televisão o bom é quando se faz um trabalho completo, começando pela sugestão da pauta, passando por uma ajuda na edição e terminando na apresentação da própria matéria.

— E os famosos planos, vão além da apresentação do 'Fantástico'?

— Fazer o Fantástico é ter a oportunidade de mergulhar inteiramente em um trabalho. Quero participar de todas as fases do programa, durante toda a semana e não só no domingo. Esse acompanhamento e mais as matérias que pretendo fazer não vão deixar sobrar tempo para mais nada.

— Por que você foi a escolhida?

— Não tenho a menor idéia. Estava na hora da renovação de alguns contratos e a direção teria que escolher alguém. Acho que por ser repórter e apresentadora me encaixo naquilo que estavam precisando. E também meu trabalho já foi avaliado quando cobri férias.

— Beleza sempre influenciou na escolha das apresentadoras do 'Fantástico'. Entrar para a lista é de envaidecer, não?

— Não acredito que eu seja uma unanimidade em beleza. Acho mais importante na televisão preencher bem a tela e não ser apenas bonita. A beleza não é o meu traço mais marcante, mas `não vou dizer que sou feia. Funciono bem. Não deixa de ser agradável saber que o programa tem a tradição de apresentadoras bonitas e estou indo para lá.

— Como Doris Giesse, você sempre gostou da dança. Um troca-troca da TV pelo palco também pode acontecer?

— Meu tempo para o sapateado já passou, troquei ao contrário. Como virginiana e muito exigente comigo mesma, achei que nunca iria chegar onde queria com o balé. Sempre pensei que como jornalista seria crítica de balé. Ainda faço aulas de sapateado mas é por puro prazer, não pretendo tornar isso uma atividade profissional.


— E aí, a jornalista de televisão acaba virando estrela?

— No início eu ficava explicando que não era artista e por isso não dava autógrafos. Até que percebi que para as pessoas o importante é simplesmente o fato de que apareço na televisão. Elas sabem que não sou artista e ainda levo vantagem. Como não interpreto um personagem, bom ou mau, sempre me tratam igual e superbem. Ainda assim me sinto jornalista, nada de estrela.


Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 27/12/1992
Autor/Repórter: Marcelo Migliaccio

''FANTÁSTICO'' ARREMATA ISABELA

Jornalista estréia hoje no programa; em fevereiro, deixa o "Jornal da Globo''

O formato atual do ''Jornal da Globo" pode estar combalido - e vivendo seus últimos dias. Mas a co-apresentadora Isabela Farias tem um lugar garantido na casa. Estréia hoje no "Fantástico", ao lado de Celso Freitas e Carolina Ferraz - que faz seu último programa, antes de ser substituída por Valéria Monteiro. Doris Giesse e Carolina mudam, respectivamente, de país e de área.

Isabela, 30, chega ao "Fantástico" consagrada como a mais "certinha" entre as apresentadoras surgidas no cenário global nos últimos anos. Responde com perfeição ao padrão vigente, até então, no jornalismo da emissora. "A televisão é um veículo de grande abrangência. Se você emite uma opinião, vai agradar e desagradar muita gente", diz.



A trajetória televisiva de Isabela Farias começou em 87, quando trocou o jornal "O Globo" pela Globo. Seu período de aprendizado foi justamente no "Fantástico". "Trabalhava até 11 horas por dia", lembra. O ritmo, de lá para cá, melhorou bem. Salvo quando está escalada para reportagens - cobriu, por exemplo, o furacão Andrew, em agosto -, acorda às 11h30, desfruta das benesses da Barra da Tijuca, onde mora, e aparece na emissora por volta das 19h30, para preparar o ''Jornal da Globo".

O difícil é relaxar ao chegar em casa lá pelas 2h, contaminada pelo turbilhão de informações com que teve contato nas sete horas anteriores. "Só consigo dormir lá pelas 3h", diz, com a autoridade de quem não usa artifícios químicos para sair do ar. Nunca fumou e jamais conseguiu ingerir um copo de cerveja ou de uísque. "Nem sei que gosto tem".

O turbilhão está próximo a dar lugar a uma vida mais calma. A partir de março de 93, Isabela perde e ganha em exposição: vai ficar semanal, mas num programa cuja média de audiência está na faixa dos 30/40 pontos, contra os 20 do "Jornal da Globo". A contratação de Luiza Sarmaento e as mudanças previstas no "Fantástico" sugerem, de resto, que a emissora carioca trabalha para elevar os números em ambos os casos.

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 10/4/1993
Autor/Repórter: Ana Cláudia Souza

JORNALISTA ROUBA A CENA E SE FIRMA COMO ESTRELA DO DOMINGO MAIOR

ANA CLÁUDIA SOUZA

O domingo é pródigo em criar estrelas. E se ano passado Valéria Monteiro e Dóris Giesse reinaram absolutas, 93 promete ser o ano de Isabela Farias. Duvida? Então experimente ligar a televisão nas noites dominicais: lá estará ela como apresentadora oficial do Fantástico, o jornalístico mais nobre da Globo, onde, por sinal, também faz matérias especiais. Não é sua única aparição dominical. À tarde, Isabela aparece conversando com Fausto Silva, antecipando, no Domingão do Faustão, algumas matérias que serão mostradas à noite. "A melhor coisa que me aconteceu foi esse bico no programa do Fausto", brinca Isabela Farias, usando a expressão criada por seu ex-colega de Jornal da Globo, o também jornalista e apresentador Mário Vasconcellos.

É mesmo um bom bico. "Minha participação virou um momento no programa", comemora. "E hoje este é o meu grande desafio. Não tenho texto escrito, nada é combinado, e a gente tem que entrar no mesmo pique de descontração para não deixar cair o ritmo do programa do Fausto", diz. Para que isto não aconteça, Isabela está cheia de planos. "Quero que minha participação no Domingão seja um encontro marcado. A gente pensa em um dia ir ao Teatro Fênix para conversar com o Fausto de dentro do estúdio e mostrar de lá as matérias do Fantástico; um dia posso encontrar com o Fernando Vanucci no corredor e pedir para ele mostrar os gols que estarão no ar à noite. Enfim, quero aproveitar a informalidade que o Fausto tem no programa dele e mostrar para as pessoas que o Fantástico não é aquela coisa deprimente, mas um programa onde as pessoas também podem se divertir."

Há mais planos para este ano. "Quero que as minhas reportagens ganhem volume, em termos de repercussão, e que as pessoas percebam o meu trabalho fora da apresentação" planeja, completando: "é muito bom fazer o Fantástico quando ele completa 20 anos e neste momento em que o programa está mudando bastante." A nova cara do programa vai ser mostrada dia 19 de abril, quando começa o ano novo global, com várias mudanças de programação entrando no ar.

META É INTEGRAR LOCUTOR À EQUIPE

Ao contrário de suas antecessoras no Fantástico,Isabela Farias, 30 anos, não tem passado de modelo nem pretensões à carreira artística. Talvez por isso, ouvir que é uma estrela ainda soe estranho. "Comecei fazendo reportagem de rua, lama, chuva, incêndio, presidio, hospital, delegacia. Não tinha nada deste glamour", lembra ela, que começou na Globo há seis anos e poucos meses depois já apresentava a terceira edição do RJ TV. "É melhor que a conquista seja devagar, do que a queda ser rápida demais", teoriza Isabela, que começou a investir em seu nome em 89, quando acumulou a apresentação do Jornal da Globo com a da segunda edição do RJ TV.

"Não queria ser conhecida como aquela menina ou aquela repórter da Globo. Queria que as pessoas soubessem o meu nome", recorda. O primeiro passo foi tosar as madeixas. "Este corte de cabelo me deu personalidade e mostrou mais o meu rosto", diz. Concluída a mudança externa, Isabela mostrou o que sabia fazer. "Ano passado participei da cobertura do Carnaval, Eco-92, Olimpíadas, eleições e fiz até o furacão nos Estados Unidos, porque estava lá de férias quando aconteceu." Gota d'água para mostrar que a moça tinha jogo de cintura.

Sem entrar na discussão sobre os requisitos que prevaleciam na seleção de apresentadoras do Fantástico — beleza é fundamental — Isabela Farias acredita que sua escolha revela uma tendência no jornalismo da emissora. "Esse é um espaço que tem que ser ocupado por quem tem preocupação jornalística", pondera, sem polemizar. "Você não pode ser jornalista só aos domingos, quando chega para apresentar o programa. Você precisa ser uma pessoa que se informe, pense em pautas e saiba sobre o que está falando", diz. "Hoje o moderno é você ser parte da equipe que faz o jornal, estar por dentro do que acontece. Como vão fazer também o Carlos Nascimento no SP Já, a Luiza Sarmento no Jornal da Globo e o Mário Vasconcellos no Jornal Hoje", completa.

FÃS TORCEM POR PAPEL EM NOVELA

Outro ponto que Isabela aceitou ceder foi no quesito 'dar autógrafo'. "Antes, tinha necessidade de dizer que não era artista, mas jornalista", conta Isabela que, algumas vezes, teve que dizer para as pessoas na rua que não pretendia trocar o jornalismo pela dramaturgia. "Uma vez, uma senhora disse para eu ficar tranqüila que logo, logo estaria nas novelas. Ficou decepcionada quando eu disse que gostava do que fazia", diverte-se. Mas estas são cenas do passado. "Querendo ou não, na televisão nós somos escravos do público. As pessoas têm que se identificar e se reconhecer em você. Hoje elas já sabem quem eu sou e não tem nada mais gratificante do que chegarem perto de você na rua e elogiarem o seu trabalho", conclui.



Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 20/6/1993
Autor/Repórter: Adriana Castelo Branco

ISABELA FARIAS

Apresentadora do 'Fantástico', tem tantos fás como as atrizes da Globo

Não adianta falar mal: domingo sem Fantástico não é domingo. E convenhamos:

Fantástico sem Isabela Farias...

Desde o início do ano à frente do programa,

a carioca Isabela Gonçalves Farias, 30 anos, é o tipo de pessoa que alcançou a unanimidade. Dona de uma beleza que agrada aos homens e não incomoda as mulheres, ela foi conquistando seu espaço na Globo e hoje já olha nos olhos do teleprompter com a mesma segurança dos veteranos e a exata medida do charme - uma marca da nova geração de apresentadores de TV. Não por acaso, acaba de ganhar o prêmio de Revelação Feminina de 92 da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Como toda repórter de televisão, tem seu lado atriz, mas descarta a hipótese de trocar de profissão, enveredando pelos palcos. Não faltariam desenvoltura e equilíbrio para quem, desde criança, sempre estudou dança - um talento revelado ao público na campanha do Tente, Invente. Segura de estar vivendo seu melhor momento profissional, Isabela assume sua alma de bailarina, mas quer seguir apenas os passos do jornalismo.

A popularidade de Isabela Farias é confirmada pela montanha de cartas e telefonemas que ela recebe na TV Globo. Um admirador de Curitiba, mais obsessivo, viajou quilômetros só para apertar sua mão. "Quando comecei na profissão, não procurava a fama de artista. Mas é impressionante como as pessoas me identificam assim e ainda sugerem que eu vá trabalhar na próxima novela das oito", diz a apresentadora, com menos orgulho do que timidez. As histórias do fã-clube de Isabela são muitas: um outro telespectador cismou de escrever um livro sobre sua trajetória profissional. "Ele disse que o primeiro capítulo seria sobre meu trabalho no jornal Hoje, o segundo, sobre o Jornal da Globo e o terceiro, sobre minha participação na campanha Tente, Invente, faça uni 92 diferente. Eu falei que era muito cedo para isso", conta, com outro sorriso encabulado. O carinho do público é tanto que há quem ligue ou pare a apresentadora na rua apenas para dar opiniões sobre a roupa que ela deve vestir ou o penteado mais apropriado para as noites de domingo.

Mas a jornalista garante que está mesmo é preocupada em cumprir seu papel: informar. A vocação para o jornalismo revelou-se cedo. Ainda pequena, costumava enrolar uma folha de papel oficio e fingir que datilografava uma matéria. "Desde criança eu queria me tornar uma jornalista", diz. Na época, já demonstrara outra aptidão: a dança. Ao falar sobre os tempos dos espetáculos e das coreografias, seus olhos se enchem de brilho. Tinha seis anos quando ganhou as primeiras sapatilhas. A dança surgiu por conselho médico, para resolver um problema ortopédico. Mas Isabela gostou tanto que acabou se profissionalizando na Academia Rio, no bairro do Méier, onde passou a infância e adolescência. "Estudei dança durante 17 anos e cheguei a dar aulas de balé, sapateado e jazz para crianças. No último ano da faculdade, larguei tudo para me dedicar mais aos estudos. Foi uma tristeza, porque dançar era um vício, uma delícia", diz.

Nos primeiros meses longe dos salões e palcos, Isabela chegava a chorar, ao ver um espetáculo de dança pela TV. Uma saudade que só seria resolvida em dezembro de 91, quando, chamada pelo diretor artístico da Globo Maurício Shermann, participou da campanha de final de ano da TV fazendo um número de dança. O diretor nem precisou insistir muito. Com uma rapidez que impressionou o pessoal da produção, Isabela montou uma seqüência de sapateado, com a ajuda do coreógrafo Renato Vieira, da Academia Jazz e Companhia. "Ela foi a grande revelação de toda a campanha do Tente, Invente. Depois do seu número, Isabela passou a ser tratada na Globo como uma personalidade da TV. Pretendo fazer um outro quadro com ela, uma retrospectiva de sua vida como dançarina, para o Fantástico". diz Shermann. "Não tenho a menor timidez para dançar. Todo mundo que me via falava que a felicidade estava estampada no meu rosto", relembra ela, que depois da experiência, voltou aos salões e, atualmente, faz aulas de dança toda segunda-feira.

O curioso: foi justamente o balé que lhe proporcionou, ainda que indiretamente, o primeiro trabalho como jornalista. Era setembro de 83 e Isabela, então trabalhando como professora de dança, acompanhava um grupo de alunos no Projeto Aquarius, na Quinta da Boa Vista, quando conheceu os responsáveis pelo setor de promoções do jornal O Globo. "Eu iria fazer uma prova para um estágio no jornal nos próximos dias. Mas, antes disso, telefonaram para a academia me chamando para preparar uma reportagem sobre um torneio intercolegial. Eu topei", lembra ela. Deu certo: Isabela, que naquele ano formou-se em Comunicação pela Escola da Universidade Federal, a Eco, agradou e ficou trabalhando como free-lancer até 85, quando foi contratada pelo jornal.

A TV Globo, já então, não era algo distante. Quando adolescente, por várias vezes, Isabela participou, dançando, de clipes de música do Barão Vermelho, dos Miquinhos Amestrados e até de Júlio Iglesias - sempre para o Fantástico. Um anúncio de classificados chamando para um curso de telejornalismo foi a isca final: "Fiz o curso mais para conhecer um pouco do trabalho em vídeo. Nesta época, pensava em escrever sobre balé". Bastou Isabela ir, pela primeira vez, gravar uma entrevista - com o então diretor do Teatro Carlos Gomes, Orlando Miranda - e pronto: descobriu sua maior vocação.

Daí para a frente, todo mundo sabe. Sucesso rápido, como uma matéria de TV. Com seis meses na emissora, já estava fazendo reportagens vistas em todo o Brasil (a Globo seleciona os repórteres que aparecem em rede nacional). Logo estreava como apresentadora, no RJ TV e, depois, no Jornal da Globo. Mas manteve-se na reportagem. "Eu sabia que o apresentador do futuro não iria ser um mero locutor", diz.

O convite do diretor de jornalismo da Rede Globo, Alberico Souza Cruz, para apresentar o Fantástico e ao mesmo tempo trabalhar como repórter em matérias especiais do programa não poderia ter vindo em melhor hora. "Eu estou realizada. Não faço planos para longo prazo, só sei que agora faço o que quero", diz. E muito bem. Quem confirma é o próprio diretor do Fantástico, Luis Nascimento: "Isabela é uma profissional exemplar, com grande empatia com o veículo. Faz reportagem, apresenta e participa de todo o processo de criação do programa." Ele cita dois grandes momentos da jornalista: a cobertura das Olimpíadas, em Barcelona, e a do furacão em Miami. Isabela, de férias, tinha viajado para a Flórida e chegou lá quase junto com o furacão. Não pensou duas vezes. Foi para a rua com uma equipe de TV, deslocada de Nova Iorque e mandou reportagens exclusivas para a Globo.



O ex-colega de Jornal da Globo,

o apresentador Mário Vasconcellos, obviamente, é só elogios: "Eu sempre achei que ela tinha tudo para se tornar a melhor apresentadora do país". O jeito doce de ser na frente das câmeras não é mera interpretação.

No dia-a-dia, dizem os amigos,

Isabela é incapaz de ser grossa

ou ríspida com alguém.

A apresentadora transmite uma tranqüilidade e paz de espírito no olhar, que talvez tenham origem na religião que freqüenta desde jovem: a Igreja Messiânica.

Os cinco meses de Fantástico, apresentaram Isabela à fama. Mas o sucesso junto ao público aumentou ainda mais, depois que ela passou a anunciar as reportagens do Fantástico no programa do Faustão. "Todo mundo tem curiosidade de saber o que se passa nos bastidores da televisão. Já até me perguntaram se o Cid Moreira vem trabalhar de bermuda. Decidimos então que eu apareceria dentro da Globo, em qualquer lugar, no estúdio ou na sala dos apresentadores", afirma. "A idéia das chamadas foi dela", denuncia a colega Sandra Annenberg. "Ela tem um ótimo jogo de cintura. Sabe 'acertar as brincadeiras. Já a chamei de piloto de enceradeiras no ar e Isabela manteve o bom humor", diz Faustão. Há alguns domingos, Isabela deixou de combinar com Fausto Silva o que eles vão -conversar ao vivo. O resultado é o que se vê: descontração misturada com alguns momentos de timidez da apresentadora. Mas, até quando enrubesce, Isabela agrada.


Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 14/3/1998
Autor/Repórter: Ana Cláudia Souza

ISABELA FARIAS NO JN


A partir do dia 30, Mário Vasconcellos vai dividir a apresentação do Jornal Nacional com Isabela Farias. Como o JORNAL DO BRASIL antecipou, Isabela foi a escolhida para assumir o lugar de Luiza Sarmento. O anúncio das mudanças foi feito ontem à noite, em reunião dos apresentadores de telejornais com a direção da Central Globo de Jornalismo.

As mudanças são muitas e provocaram uma típica dança das cadeiras:

Luiza Sarmento vai para o Jornal da Globo, entrando no lugar de Sandra Annenberg, que deixa as madrugadas e se muda para o Jornal Hoje,

substituindo Mônica Waldvogel. Na nova arrumação, a atual editora-chefe do telejornal vespertino perdeu espaço:

a direção de jornalismo ainda está conversando com Mônica Waldvogel para decidir onde encaixá-la.

Os sete meses em que esteve afastada do jornalismo da Globo não abalaram a boa posição que Isabela Farias vem ocupando nas pesquisas de opinião feitas com regularidade pela Globo. Espécie de musa do jornalismo, Isabela Farias deixa o Fantástico para Carla Vilhena, que ao longo do afastamento da colega funcionou bem em dupla com Pedro Bial.

Com a ida para o Jornal da Globo, Luiza Sarmento volta a morar em São Paulo, sendo, além de apresentadora, editora-chefe do telejornal, que não será mais apresentado a alta madrugada. A partir do dia 29, o jornal entra no ar diariamente às 23h40. A atual dupla de apresentadores do Jornal Nacional se desfaz na última sexta-feira de março.

Depois de pouco mais de um mês de interinidade,

Carlos Nascimento também volta para São Paulo, onde assume o Bom dia, São Paulo e faz as entradas da parte paulista do Bom dia, Brasil.

A sucursal paulista da Globo, aliás, terá um peso muito maior. A edição vespertina do SP TV terá sua duração ampliada para 40 minutos e a dupla de apresentadores será formada por

Pedro Tom e Mariana Godoy, com muita prestação de serviço. O jornal vai avançar sobre o horário em que o resto do Brasil estiver assistindo à reprise de Os trapalhões. A segunda edição do SP TV ficará a cargo de Carlos Tramontina e Débora Menezes.

No Rio, as duas edições do RJ TV continuarão com apenas uma apresentadora que, na mudança, tiveram seus horários invertidos. Agora, a edição da tarde será feita por Claudia Cruz e a da noite, por Renata Capucci.

O Bom dia, Brasil continua sem alterações.

O trio de apresentadores foi mantido:

Lucas Alvares e Ana Fonseca pilotam o jornal do Rio e Carlos Monforte, de Brasília. Márcio Gomes também continuará à frente do Bom dia, Rio.


Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo
Data de Publicação: 29/3/1998
Autor/Repórter: Sônia Apolinário

A QUERIDINHA DO 'JORNAL NACIONAL'

Preferida nas pesquisas da Globo, apresentadora chega amanhã ao maior noticiário do País

A partir de amanhã, Isabela Farias passa a ocupar a bancada do Jornal Nacional, dividindo com o Mário Vasconcellos a apresentação do noticiário de maior audiência do País. Com 11 anos de Globo, a jornalista admite que o cargo é a realização de um sonho. "É impossível para um apresentador nunca sonhar em sentar-se naquela cadeira", diz.

A cobiçada cadeira ficou vaga com a saída de Luiza Sarmento, que volta para o Jornal da Globo, em São Paulo. Quando Luiza foi afastada do JN, o nome de Isabela surgiu como o mais provável para o cargo. Há tempos, ela é a apresentadora mais querida pelo público, segundo pesquisas feitas regularmente pela Globo para medir o desempenho dos profissionais do jornalismo.

O novo cargo chegou em boa hora para a ex-apresentadora do Hoje e Fantástico. No fim do mês, ela iria para a França, para integrar a equipe que vai cobrir a copa. Agora, na copa, ela apresentará o JN do Rio e Mário, de Paris. Na semana passada, com a expectativa de assumir o JN, ela falou ao Estado.

Estado - Como recebeu a notícia de que seria a titular do JN?
Isabela Farias - Recebi com surpresa, mas feliz. Não há um apresentador que não queira ficar à frente do Jornal Nacional.
Estado - Para um jornalista, virar apresentador do Jornal Nacional é como, para um ator, protagonizar a novela das 8?

Isabela - Deve ser (risos). Tenho 11 anos de Globo e sempre fiz com paixão o que me determinaram. Fiz o Hoje e o Fantástico, e foi muito bom. O Jornal Nacional foi apontado pelo próprio Estado (pesquisa InformEstado) como o melhor noticiário do País, nos últimos dois anos. Então, é claro que é muito bom trabalhar ali. Vou começar uma outra etapa e quero que continuem contando comigo para o que precisarem.

Estado - Você também vai editar o JN, como Luiza Sarmento fazia?

Isabela - Quero fazer edição ou reportagem, além de apresentar. Ainda não acertamos isso.

Estado - Ser só apresentadora é suficiente?

Isabela - Se continuo apresentadora, mas com espaço para agendar algumas reportagens, estarei feliz. Há muitas coisas para fazer nos bastidores. No Fantástico, também fazia reportagens e isso era muito bom.




Estado - O que acha de o jornalista ser confundido com artista, por trabalhar na TV?

Isabela - Quando entrei na Globo, trabalhava em jornal e tinha resistência a essa história de virar artista. Quando apresentava o RJ 3 edição, que ia ao ar depois do Jornal da Globo, também fazia reportagens na rua. Numa delas, uma senhora me parou e pediu um autógrafo. Foi a primeira vez que isso ocorreu e estranhei muito.

Estado - Você deu o autógrafo?
Isabela - Claro. Antes, expliquei àquela senhora que ela deveria estar me confundindo com alguém, mas ela sabia quem eu era. Queria meu autógrafo. Dei e não questionei mais. Se isso faz tão bem às pessoas, qual o problema? O público transforma, mesmo, o jornalista em artista. No início, pessoas da minha família diziam que, como ia bem na TV, logo seria chamada para fazer novelas.

Estado - Isso ocorreu?

Isabela - Lógico que não. Nunca pensei nisso. Explicava para minha família que eu era jornalista e não queria trabalhar em novela.

Estado - Pesquisas apontam que você é querida pelo público e tem empatia. Isso é necessário para um jornalista de TV?

Isabela - O importante é apresentar a notícia com credibilidade. Se as pessoas gostam da forma como você faz isso, melhor. Não sou artificial. Nunca escrevi um texto das minhas reportagens. Sempre narrei as notícias de cabeça, como se estivesse conversando. Não procuro ser diferente na TV. Se você faz as coisas com verdade, chega mais perto do público. Sou sempre sincera, porque TV é uma prestação de serviço que deve ser feita da melhor forma.

Estado - Mas se o público não tem simpatia por um jornalista, isso o prejudica.
Isabela - Não sei. Simpatia é algo que o apresentador tem de ter, mas não é o mais importante.

Estado - Como é trabalhar com o Mário Vasconcellos?

Isabela - Quando trabalhamos, somos pessoas distintas, os assuntos são diferentes. Admiro o profissional que William é. Ele me deu muitas dicas quando eu estava começando. É ótimo fazer uma dupla com quem tenho identificação profissional. Somos da mesma geração e faremos uma bela dupla.

Estado - E sua rotina, como vai ficar?

Isabela - No trabalho, temos poucos momentos para conversar. Por quatro anos fizemos o Jornal da Globo. Depois, trabalhamos em salas vizinhas e quase não conseguíamos nos falar. Garanto que o público não vai ver nossa sala de visitas no Jornal Nacional.

Estado - Como é que o Mário recebeu sua indicação ao JN?

Isabela - Ele admira meu trabalho e ficou feliz.

Estado - Como ficaram seus horários?

Isabela - Tenho de chegar à emissora às 14 horas, para a reunião da tarde, e fico até 21 horas. No Fantástico, havia mais flexibilidade. Agora, pelo menos, já sei que terei a manhã livre.

Estado - A partir de hoje, Carla Vilhena a substituirá no Fantástico. Vai sentir ciúmes?

Isabela - Não, mas vou sempre olhar o Fantástico com carinho. É um programa difícil de ser feito porque, se numa semana faz sucesso, nada garante que fará na outra. Todo domingo, tem de começar do zero. Isso é duro, mas também estimulante. Torço pelo sucesso do programa.

Estado - Nesse caso, o apresentador é determinante para o sucesso do programa?

Isabela - Não. O apresentador é só uma parcelazinha, não o fator determinante. As pessoas podiam gostar muito de mim e isso não as impediria de achar que, num determinado dia, o programa estava chato. Não é o apresentador que vai segurar o público, mas o programa como um todo.


Jornal/Revista: O Dia
Data de Publicação: 27/2/1994
Autor/Repórter: Luciana Nunes Leal

FANTÁSTICA MUDANÇA

Novos quadros tornam o Fantástico um programa mais descontraído

Está derrubada a tradição de que 21 anos é a idade da seriedade. O Fantástico ficou muito mais solto, alegre e descontraído para comemorar seu aniversário. A melhor novidade da televisão deste ano até agora é o novo estilo do programa de domingo à noite. Acabaram, finalmente, as longas reportagens sobre doenças incuráveis, violência e velhinhos solitários.

Pilotado por Luiz Nascimento, de 42 anos, ex-diretor do Esporte Espetacular, o novo Fantástico gosta de piadinhas, leveza nas reportagens e muito alto astral. Inventou quatro novos quadros e se prepara para arrebentar em abril com a participação semanal da divertida Regina Casé. E traz de volta o concurso Garota do Fantástico, com jovens beldades ainda desconhecidas que aparecem em belas cenas na praia.

Há três semanas, estreou a TV Interativa. Através dela, os espectadores podem responder diversas perguntas na hora e decidir sobre o que querem ver no programa. "Trabalhamos com o lema de que seriedade não é chatice", conta o diretor, lembrando uma frase de seu antigo companheiro de trabalho,

Edil Vale Jr, que morreu em novembro. Para seu lugar, foi Geneton Moraes Neto, o editor-chefe criador de quadros como o Memória Eletrônica, que relembra bons momentos da música, do futebol e outros assuntos. Para mostrar como as coisas mudaram, Luiz lembra uma reportagem feita no começo do verão passado. Falava sobre os perigos do sol, alergias e os males de se expor demais na praia. "A matéria estava pronta, mas mandamos mudar tudo e a reportagem foi: curta a nova estação".

Aí está a diferença. O Fantástico agora transmite bom humor e para isso usa a criatividade dos apresentadores.

Isabela Farias outro dia saiu com uma

máscara do presidente Itamar Franco

pela rua entrevistando pessoas.

Ao invés de falar sobre o drama da obesidade,

Lucas Alvares falou sobre o charme das gordinhas. "Nós radicalizamos. Não queremos mais nem ouvir falar em doenças, a não ser que tenha acontecido alguma novidade muito importante", decide Luizinho.

AS PRINCIPAIS NOVIDADES

- MEMÓRIA ELETRÔNICA - Dura de dois a três minutos e traz de volta alguma imagem antiga que ficou na história da TV. Já mostrou o encontro de Chico Buarque com o cubano Pablo Milanez cantando Yolanda e o último gol de Garrincha, entre outras atrações.

- ISTO É BRASIL - Assuntos interessantes mas que não valem uma grande reportagem entram como curiosidades, em inserções de um minuto. Apresentou os índios que dão aulas de português; pesquisa que revelou que o país onde mais se vende remédios para emagrecer é o Brasil, apesar de tantos miseráveis que morrem de fome.

- ANO 21 - O aniversário do programa está sendo comemorado com a repetição de quadro que fizeram sucesso há muitos anos no Fantástico. O pintor Juarez Machado foi um dos homenageados, com reprise de algumas de suas apresentações e mostrando sua vida hoje, em Paris.

- Aldeia Global - Parece com o Isto é Brasil, mas é internacional. Uma das atrações foi a exposição sobre insetos reproduzidos em tamanhos gigantes do Museu de Histórico Natural em Londres e o Uruguai, onde 40% dos carros são da década de 40.

- ÚLTIMAS NOTÍCIAS - Os editores acompanham, durante o programa, as últimas informações que chegam das agencias de notícias, para que sejam incluídas no último bloco do programa, em poucas frases. "Em geral, são as manchetes dos jornais de segunda-feira", diz Luiz Nascimento.

Espectador agora opina

A estréia foi em grande estilo, com 50 convidados ilustres, domingo passado. Mas agora a TV Interativa do Fantástico vai cair na real. Quem vai participar do novo quadro, Painel, serão cerca de 120 pessoas. Uma parte ficará no estúdio do Rio, outra no estúdio de São Paulo e cerca de 20 espectadores receberão os aparelhos para votar em casa e de lá emitirão suas opiniões. No primeiro dia, gente famosa como Beatriz Segall, Camila Pitanga e José Wilker decidiram sobre o musical que deveria passar e deram opiniões sobre CPI e praias de nudismo.

Um ou outro artista também receberá seu aparelho para votar de casa e dará entrevistas sobre suas opções. "Não é uma pesquisa de opinião, mas um painel do que pensam aqueles espectadores, num número equilibrado por sexo, idade e nível socioeconômico", diz o diretor Luiz Nascimento.

Até agora, o programa vem se mantendo na faixa dos 40 pontos do Ibope - abaixo dos 50 do Jornal Nacional e dos 60 da novela das oito, Mas a expectativa é de elevar um pouco a audiência com as mudanças. A esperada participação de Regina Casé já está certíssima. E provável que ela saia pela rua brincando com as pessoas, fazendo perguntas e comentários sobre um assunto importante da semana. Thunderbird, o divertido ex-apresentador da MTV, também vai ter uma participação semanal, mas ainda não acertou os ponteiros com o programa.




Renato Machado - reportagens sobre o Lucas

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 22/8/1982
Autor/Repórter:

(SEM TÍTULO)

Entre Belisa Ribeiro, Lucas Alvares e Luciana Villas Boas há, além da profissão, um forte ponto em comum: estão todos absolutamente apaixonados pelo que fazem agora e se confessam deslumbrados com a força, a beleza e o poder da imagem. Acostumados a trabalhar usando apenas a linguagem escrita, de repente sentem-se dominados e desafiados pela linguagem visual que a televisão oferece e exige. Luciana, que já havia enfrentado as câmaras anteriormente, na TV Educativa, mas ainda está um pouco assustada com a mudança que sua vida sofreu nos últimos meses, comenta:

- O trabalho que fazemos atualmente é tão estimulante e absorve tanto nosso tempo, que eu, por exemplo, não consigo adormecer antes dos duas e meia da madrugada. Belisa diz que sua maior preocupação e mostrar-se compreensiva com os convidados do programa:

- Sei muito bem que como é o nervosismo que eles sentem, porque já passei por isso. A gente pode estar inteiramente segura de que do que está fazendo, do que vai falar, mas a câmara realmente assusta um pouco. Eu ainda não me acostumei e estou desde novembro na Globo e no vídeo. Como sou muito exigente comigo mesma, sempre acho que o que fiz poderia ser melhor.

O jornalismo parece não ter segredos para Lucas Alvares, que iniciou sua carreira há 15 anos, na Rádio BBC de Londres.

- Comecei numa época muito especial. Entre 67 e 68, aconteceram coisas importantíssimas no mundo: os primeiros movimentos de contestação nos Estados Unidos, o assassinato de John Kennedy, a guerra do Vietnã, os Beatles, a minissaia. Eu estava em Londres e isso me influenciou muito na escolha da política internacional como setor de especialização, onde trabalhei muitos anos. Aprendi muito, mas também descobri coisas novas, essenciais até, com a televisão. Ela tem a imagem, o tempo, o minuto. Este imediatismo da TV faz com que a gente viva sempre num clima de envolvimento total, dentro da alta temperatura das matérias, do que está acontecendo e a imagem está mostrando. Belisa, Lucas e Luciana estão ligadas no ''Jornal da Globo'', embora, oficialmente, comecem a trabalhar às 13 horas, quando se reúnem para discutir as matérias que vão apresentar à noite. Depois, saem para as reportagens de rua e, no final da tarde, voltam para escrever e editar o material colhido. Em seguida, uma rápida passadinha em casa para troca de roupa e a volta à redação para os preparativos finais, antes de o programa entrar no ar. Enquanto vai em casa, Belisa aproveita para conversar com os filhos, Gabriel e Thiago, de 9 e 4 anos, sobre os acontecimentos do dia:

- Quando vim para a Rede Globo, sabia que o trabalho, com o qual tenho sempre uma relação de entrega total, ia me absorver multo. Expliquei aos meus filhos que ia ter menos tempo para estar com eles e prometi compensar nos fins de semana, quando salmos para longos passeios. Solteira, Luciana mora com os pais, enquanto decora um apartamento para se mudar no fim do ano, e está concluindo o curso de Comunicação pela manhã. Formada em História, até pouco tempo pensava em ser apenas professora universitária:

- Resisti ao jornalismo porque minha família toda é ou foi jornalista e eu queria ter uma vida acadêmica, dedicada somente aos estudos. Mas, curiosamente, meu primeiro emprego foi na Rádio BBC, em Londres, onde fui morar aos 18 anos. Trabalhei lá dois anos. Na volta ao Brasil, me formei e não pensava em jornalismo. Fui para a TV Educativa como roteirista e acabei apresentando pequenos programas, até o convite para o ''Jornal da Globo". Ainda não deu para me adaptar à nova vida e sinto falta de tempo para correr oito quilômetros diariamente, como fazia antes.
Lucas Alvares foi contratado inicialmente pela Rede Globo para fazer o ''Globo Repórter''. Com a guerra das Malvinas passou a fazer comentários nos telejornais. Participou também de quatro programas da série "Sem censura" e, durante a Copa do Mundo, passou um mês trabalhando no escritório da emissora em Londres. Solteiro, morando sozinho, Lucas conta que ouvir música - "de preferência erudita, de preferência moderna" - é o que mais gosta de fazer. Mas também não esconde que adora preparar um bom prato e garante que a comida, quando é feita por quem gosta de cozinhar, tem um gosto diferente. Como quem gosta de comer bem gosta de beber bem, sua paixão são os vinhos:

- Tenho uma grande biblioteca especializada no assunto, mas infelizmente não tenho dinheiro para ter a adega que gostaria. Não bebo sempre os melhores vinhos, mas sei tudo sobre eles.

Fora do trabalho, Belisa, Lucas e Luciana se ocupam de coisas diferentes, mas têm ainda um outro ponto em comum: gostam muito de ler, estudar e, principalmente, de se manter informados sobre todos os acontecimentos.



Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 15/12/1991
Autor/Repórter: Sônia Apolinário

LUCAS ALVARES

Capacidade de improvisação é o que o jornalista Lucas Alvares mais exercitou desde, que começou a apresentar na Rede Manchete o telejornal "Noite e Dia'', exibido ao vivo às 23h30. As entrevistas são o ponto alto do programa. Como a realizada, há 15 dias, com o casal Chico Anysio e Zélia Cardoso de Mello.

Pelo formato do telejornal e o seu horário, "Noite e Dia'' tornou-se um concorrente direto do "Jô Soares Onze e Meia", do SBT. "Eu tenho um gigante no horário", diz Lucas.

Ele acha que não tem chances contra o charme do amigo Jô. Mas Lucas, 48, tem suas armas. A principal delas é a experiência. Dos seus 24 anos de profissão, passou 14 no "Jornal do Brasil" e outros dez na Rede Globo. Sempre como correspondente estrangeiro.

"No exterior a gente aprende a se virar. Lá fora, o Brasil não é nada. Não adianta dizer que é da Globo. Então, você aprende a ter humildade e a ficar atento. Lá fora, é difícil ter tempo pá ra consertar erros", contou Lucas.

Agora, uma das coisas que mais faz é consertar erros. É com bom humor que ele lembra que várias vezes o programa começou sem estar totalmente fechado. Ou de terem apagado por engano uma fita com uma entrevista previamente feita porque o entrevistado não poderia ir ao estúdio no horário do programa.

Segundo ele, também é comum olhar para o teleprompter (onde ficam os textos lidos pelos locutores) e não ter nada lá. "Às vezes, vou para o ar vasculhando papéis na mesa e fico tentando ganhar tempo. Quando não tem jeito, a melhor coisa é falar com o público. Esses erros aproximam o âncora do público", disse Lucas.

Ele contou que a maior dificuldade que enfrenta é convencer as pessoas a irem ao estúdio. O horário é o seu principal inimigo. Lucas diz que chega a implorar. Se não dá certo, parte para o seqüestro mesmo.

Uma vez esperamos o deputado Baby Bocayuva na pista do aeroporto Santos Dummont. Botamos ele no carro da reportagem e levamos para o estúdio. Depois o deixamos na festa em que iria", lembra Lucas.

Para ter condições de improvisar, Lucas estuda. Duas horas antes de o programa ir ao ar, lê todo o material disponível sobre os assuntos a serem abordados.

O "Noite e Dia" começa a ser feito às 13h. Mas Lucas só vai para a Manchete às 19h. Nesse período, fica em casa, a maior parte do tempo no telefone com a produtora-executiva do programa, Ângela Pontual.

Em casa, Lucas continua improvisando. Para relaxar, seu atual hobby é catalogar os inúmeros CDs de música clássica. E fazer café com grão que mói em casa.

Se não fosse jornalista, Lucas diz que gostaria de ser produtor de eventos ligados à música clássica. O ex-conselheiro de ópera do Teatro Municipal do Rio, um dia já foi artista.

Em 69, o então estudante de Direito da Puc do Rio era ator e assistente de diretor. Diz ter perdido as contas de quantas peças participou. Cita como uma de suas preferidas, "Galileu, Galileu", que atuou como ator.

Em ''Romeu e Julieta", dirigiu o amigo Jô Soares. "Era uma década de explosão criativa e isso nos empolgava", disse Lucas que começou a ganhar dinheiro como dublador de filmes, aos 20 anos.

- Um dia, viu um anúncio e um teste para locutor da BBC de Londres. Fez, passou e morou na Inglaterra por dois anos. Nasceu aí o jornalista apaixonado por reportagens internacionais.

Não foi por acaso que Lucas foi enviado pela Manchete para a Guerra do Golfo e acabou testemunhando um bombardeio em Tel Aviv. Ele foi um dos jornalistas condecorados com a Ordem do Rio Branco, em maio, pelo presidente Fernando Collor.

Trocar a Globo pela Manchete foi, segundo Lucas, a oportunidade de desenvolver um novo projeto profissional. A antiga emissora o sondou, em julho, para voltar. Lucas ficou na Manchete porque acha que seu programa, com sete meses de idade, ainda não completou seu ciclo.

"Na Manchete, é como se a gente começasse tudo de novo. Não temos a infra-estrutura da Globo e isso faz com que o empenho seja maior. Correr riscos é muito sedutor", disse Lucas.


Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 10/7/1992
Autor/Repórter:

FIM

Assiste-se hoje ao capitulo final do programa Noite-Dia, estrelado com brilho e competência ao longo de um ano e quatro meses na Rede Manchete, pelo jornalista Lucas Alvares.

Boa noite.

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 14/8/1992
Autor/Repórter:

CASA NOVA

O jornalista Lucas Alvares está de casa nova.

Deixou a TV Manchete e voltou de armas bagagens para a TV Globo.

Estréia hoje na tela apresentando um segmento do Globo repórter, com o dream team brasileiro do vôlei.

Quem também mudou de canal foi a apresentadora Leda Nagle.

Fechou contrato ontem com o SBT para apresentar um programa diário de entrevistas.

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 12/11/1995
Autor/Repórter:

NOVO RUMO EM 'CEM ANOS DE CINEMA'

Jornalistas apresentarão a minissérie

Surpresos, mas lisonjeados por terem sido escolhidos para apresentar a minissérie "Cem anos de cinema", que a Rede Globo exibirá a partir do dia 21, os jornalistas Lucas Alvares e Isabela Farias começaram a gravar sua participação na semana passada.

Pelo projeto inicial, oito atores dividiriam a apresentação da minissérie, que seria gravada no Projac. Mas o diretor Jorge Pontual (que também é editor-chefe do "Globo repórter") desistiu da idéia por dois motivos:

- Nós tínhamos superdimensionado a apresentação. Com oito atores, ela ocuparia um tempo muito grande do programa, em detrimento dos filmes. E a contratação dos artistas, junto com a construção de um cenário no Projac, representaria a metade do nosso orçamento - diz Pontual, sem revelar quanto custará a minissérie, que está sendo gravada na própria emissora, no Jardim Botânico.

A escolha dos apresentadores foi feita por Evandro Carlos de Andrade, diretor-geral da Central Globo de Jornalismo, e mais do que aprovada por Jorge Pontual:

- Foi excelente. A Isabela é nossa melhor apresentadora, a mais famosa e a que tem mais traquejo. E o Lucas tem uma excelente narração e muito glamour - elogia.

Especialmente interessado nos caminhos da sétima arte, Lucas Alvares está entusiasmado com o trabalho:

- Fiquei comovido. Este é um assunto apaixonante, e minha geração foi muito influenciada pelos mitos do cinema: na adolescência, eu era rato de cineclube e, no início da minha carreira, trabalhei em cinema - conta.

Isabela Farias também ficou feliz da vida:

- Vinha lendo várias coisas que saíam sobre a minissérie, era um programa que eu queria muito ver. Fiquei. orgulhosa quando soube que iria apresentá-la - diz.

"Cem anos de cinema" será exibida de 21 de novembro a 1 de dezembro, de terça a sexta-feira, sempre às 22h30m. O tema do primeiro programa será a fantasia.


Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 13/4/1996
Autor/Repórter: Vera Jardim

MADRUGANDO COM A NOTÍCIA

Telejornais acordam apresentadores às quatro da matina

Eles passaram a ter uma vida de entregador de jornal. Acordam às 4h da manhã e, às 5h, estão na redação da TV Globo, no Jardim Botânico, para preparar os dois primeiros telejornais da emissora. Dar bom dia ao telespectador às 7h requer muito sacrifício de Priscila Brandão, apresentadora do Bom dia Rio, e de Lucas Alvares e Ana Fonseca, do Bom dia Brasil.

Para não perder a hora, os três têm mesmo que ir para a cama sem o Jô (Soares) e festas durante a semana, só saindo antes de o jantar ser servido, Mas nem tudo é espinho na vida dos madrugadores da notícia: com toda a cidade dormindo, eles pelo menos ficaram livres dos engarrafamentos. E nada como um bom banho frio e uni café bem forte para encarar uma rotina que começa tão cedo.

Priscila Brandão, 27 anos, há um ano apresentando o Bom dia Rio, já estava acostumada a levantar com o galo cantando. mas agora acorda antes dele. Com a antecipação do jornal de 7h30 para 7h, ela teve que reprogramar o relógio biológico. "Custei a me acostumar porque sempre gostei muito de curtir a noite", confessa.

Preocupados em manter a boa forma física, Ana Fonseca, 35 anos, e Lucas Alvares, 53, tinham o hábito de acordar às 7h. Três horas menos significa alterar drasticamente a rotina. Ana, por exemplo, terá que passar a pedalar os 18 quilômetros diários e fazer alongamento à tarde. Mudança similar terão as caminhadas de Lucas na Lagoa Rodrigo de Freitas. Mas enquanto o novo formato do Bom dia Brasil - que estreou há duas semanas, às 7h30 - não fica cem por cento, os dois têm hora para chegar à emissora. Mas para sair...

Ana, até então, funcionou como uma espécie de coringa no jornalismo da Globo. Durante os 16 anos de casa, além de atuar como repórter, só não foi dublê de apresentadora do Jornal nacional. A possibilidade de se fixar num programa jornalístico acabou superando o sacrifício de acordar quando ainda é noite. "Já levantava cedo, às 7h. Mas o pior vai ser acordar às 4h no inverno.''

A primeira vista, pode parecer que tenham colocado Lucas Alvares de castigo no estúdio da Globo. Mas, segundo o veterano, foram as muitas viagens e reportagens nacionais e internacionais que lhe deram bagagem para a atual função. "O apresentador de telejornal precisa dominar os assuntos", acredita.

Longe dos olhos, perto do coração. A máxima caracteriza bem a recente decisão de Priscila. Não podendo acompanhar a natureza boemia do namorado e também apresentador Fernando Vanucci, ela voltou a morar sozinha. "Ele até tentou mudar seus hábitos em função de eu não poder acompanhá-lo, mas estamos melhor em casas separadas." Mineira de Juiz de Fora, Priscila começou como repórter há cinco anos na TV Búzios, passando depois pela TV Serra Mar, de Nova Friburgo. Hoje, a jornalista acha que se ajusta bem melhor ao estúdio. "A gente aprende muito".


ornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 11/5/1996
Autor/Repórter: Mônica Soares

A GLOBO DÁ PUXÃO DE ORELHA NA IMPRENSA

Por que a crítica nunca foi alvo da crítica? A imprensa costuma reinar absoluta como dona da verdade, sem que este poder seja questionado. O jornalista Lucas Alvares, que há algum tempo se incomoda com esta questão, abriu um espaço dentro do telejornal Bom Dia Brasil para analisar friamente os principais jornais do país. Ele explica que nem todos os dias faz o julgamento dos periódicos, mas que não teme fazê-lo quando percebe "alguma coisa que merece ser criticada".

E a primeira vez que a TV Globo dá espaço para este tipo de análise em um de seus telejornais. Lucas Alvares, 53 anos, dono de um invejável currículo que inclui anos de experiência com reportagens internacionais acha que era preciso "abrir esta janelinha" para comentar os furos da intelligentsia nacional, que não são poucos. "Nunca recebi elogio nem crítica por causa desses comentários, inclusive porque faço muito pouco. Mas acho que é preciso admitir que a imprensa também erra, e muitas vezes comete injustiças. Às vezes é por causa do enfoque, às vezes por erro de português. A imprensa adora distribuir pau em todo mundo, sobretudo na televisão, e agora o Bom Dia tem sua tribuna livre", diz ele.

Há um mês no ar com o novo formato, o Bom Dia Brasil, assim como o Bom Dia Rio, "tem recebido boa resposta do público e da tal crítica. Melhor seria impossível", garante Lucas Alvares, que desconhece os números da audiência. "Não dá para comparar com os outros telejornais, porque às sete da manhã muita gente ainda está dormindo, sobretudo no Rio. Mas sei que a nossa briga não é com os concorrentes, e sim contra os aparelhos desligados", afirma. Uma coisa é certa: a essa hora a televisão já está ligada nas redações dos jornais...


William Bonner - Reportagens sobre o Mário [2]

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 20/7/1988
Autor/Repórter: Lina de Albuquerque

EXEMPLO DE INTEGRIDADE

Mário Vasconcellos foi escolhido para ser um dos apresentadores do "Fantástico"

SÃO PAULO - O velho Cid Moreira, locutor-emblema da Rede Globo, e a ultimamente muito requisitada Doris Giesse, anchorwoman e festejada descoberta do Jornal de vanguarda da Bandeirantes, dizem não saber de quem se trata. "Será um bem comprido?", "se já o vi, foi só de sopetão". Foi com observações assim que os dois reagiram ao serem informados de que o global Mário Vasconcellos, o rosto bonito que há dois anos vem marcando presença nas três edições do telejornalismo paulista (atualmente, no SPTV, 3ª edição), será a partir de agosto, um dos três apresentadores do Fantástico, ao lado do experiente Sérgio Chapelin e de Valéria Monteiro, apresentadora do RJ TV, 2ª edição.

Mas para as fãs paulistas, que atulham o estúdio da Globo em São Paulo com insistentes cartinhas apaixonadas desde que Mário Vasconcellos por lá aportou, a noticia certamente causará alvoroço. Para ele, ingressar no Show da vida poderá significar, de quebra, volumosas contribuições para a tese de mestrado que vem escrevendo e que pretende defender na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) - uma análise socioeconômica da telespectadora, baseada nas milhares de cartas que recebe.

"Mário Vasconcellos tem a vantagem de não ter se tornado bobo por causa de sua beleza", opina Leda Nagle, apresentadora do Jornal hoje na Globo. "Ele não possui apenas uma face anatomicamente perfeita, mas também uma emissão de voz poderosa", observa Celso Kinjô, editor responsável, em São Paulo, pelo jornalismo global. "Não é um apresentador no sentido clássico, porque gosta de participar do processo de confecção do jornal," diz Kinjô, "mas ele é muito jovem: se o estrelato não lhe subir à cabeça, a sua carreira deslanchará". Mário, um paulistano de 24 anos, garante que a notoriedade o incomoda, contra todas as evidências, diz que não se acha bonito - "as luzes da tv disfarçam, por exemplo, o meu nariz gigantesco", chama atenção - afirma que no momento está preocupado apenas em investir mais no aprendizado.

Nos corredores da emissora, conta-se que no mês passado, ao substituir o apresentador Carlos Tramontina no matinal Bom dia São Paulo, Mário passou por maus bocados. Atrapalhava-se com algumas entrevistas mais curtas, sobretudo custou a se habituar com o novo horário - teve que se sujeitar a acordar às 4 da manhã, e não mais ao meio-dia, como está acostumado. No final do mês, porém, o saldo foi favorável: "ele conseguiu passar credibilidade", constatam em uníssono, o substituído Tramontina e o editor do programa, José Mariusantana. Agora, quando Mário pensa que as coisas voltaram enfim à rotina, a Globo o convida a enfrentar novo desafio. Para apresentar o Fantástico, ele terá um acréscimo de apenas 30% no seu salário - que em hipótese alguma concorda em revelar -, mas ganhará, por outro lado, a oportunidade de ser reconhecido nacionalmente.

Nada mal para um rapaz excessivamente tímido que trocou um morno começo de carreira publicitária pelo telejornalismo. A sua primeira aparição no vídeo, como apresentador de um extinto programa de variedades na Bandeirantes, o Oito e meia, comandado por Roberto de Oliveira, não está tão distante assim no tempo. Em 1985, ele foi chamado por duas colegas da Escola de Comunicações e Artes da USP, na época produtoras do programa, para ler em off o resumo das notícias do dia. Elas logo perceberam que Mário estava na função errada. Depois de um ano na Bandeirantes, onde apresentou também o Jornal de São Paulo, a Globo lhe acenou com um salário três vezes superior. Hoje, é um veterano. "Mário está cada vez mais seguro", elogia uma das duas "madrinhas", Eliana Sanches, atualmente editora-assistente de artes e espetáculos da revista Veja. O único problema, seus 5,5 graus de miopia, é resolvido, diante das câmeras, com lente de contato.

Solteiro, morando sozinho há um ano num apartamento de um quarto na movimentada Rua Caio Prado, no centro da cidade, Mário anda preocupado, ultimamente, com o aumento do número de telefonemas que recebe. Em uma hora de entrevista, por exemplo, foram nada menos de oito vezes, quase sempre com vozes femininas do outro lado. Os poucos livros na estante, entre eles Estrela da vida inteira, poemas reunidos de Manuel Bandeira, atestam que o trabalho tem sido uma preocupação quase exclusiva em sua vida. Na parede de sua sala, um poster em tamanho natural do ator americano Humphrey Bogart. Em outro canto, uma máscara de porcelana do mesmo ídolo. "O seu personagem Rick, de Casanova, é o exemplo máximo de integridade", entusiasma-se ele. Para Celso Kinjô, no entanto, exemplo de integridade seria o próprio Mário Vasconcellos. "Ele tem excelente caráter, respeita os mais velhos e reúne todos os instrumentais de um bom apresentador", enumera Kinjô - e aposta: "Daqui a dez anos, estará no ponto".


Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 18/9/1988
Autor/Repórter: Adriana Martuchelli

O DIA EM QUE MÁRIO VASCONCELLOS VIROU NOTÍCIA

Domingo passado, 11 de setembro, foi um dia marcante, e inesquecível na vida de Mário Vasconcellos, locutor paulista de 24 anos que começou na Rádio USP, ainda na faculdade, passou pela TV Bandeirantes e, ultimamente, vinha apresentando o SP TV: nessa data, ele foi apresentado a todo o Brasil quando, em companhia de Valéria Monteiro e Sérgio Chapellin, estreou na nova fase do "Fantástico".

Mário Vasconcellos, paulista, 24 anos, 1,84m de altura, signo de escorpião, solteiro e atualmente disponível, chega a estar assustado com a mudança em sua vida e teme por sua privacidade, que considera ameaçada.

Sua carreira profissional, ele começou quando estava na faculdade, trabalhando como locutor na Rádio USP. Depois, foi contratado pela TV Bandeirantes, em São Paulo, para fazer a locução do programa "Oito e meia", sem aparecer no vídeo.

Na telinha, ele estreou em setembro de 1985, quando começou a apresentar o ''Jornal Local", ainda na TV Bandeirantes, e em junho de 1986 foi convidado pela TV Globo de São Paulo para apresentar o "SP TV - 3ª Edição" e, mais tarde, o "SP TV - 2ª Edição, .

Agora, além de ser o mais novo apresentador do "Fantástico", nesta nova fase do programa, em companhia de Valéria Monteiro e Sérgio Chapellin, ainda substitui Eliakim Araújo, que está de férias, na apresentação do ''Jornal da Globo".

Sobre as muitas notícias que ele já transmitiu para o público, Mário diz que a da decretação do Plano Cruzado foi a que mais o agradou. A de que não gostou, nem um pouquinho, e que preferia não ter dado, foi a morte de Chacrinha, e diz por quê:

- Detesto dar notícia de morte. Acho a morte sempre trágica.

Mário se mostra consciente de que sua privacidade estava ameaçada, desde que entrara para a televisão, mas não imaginava que a estréia no "Fantástico" mudasse tanto as coisas:

- Em São Paulo, onde era mais conhecido, as pessoas me olhavam muito na rua, mas não chegavam perto. Quando perguntavam se eu era o rapaz que apresentava o jornal da televisão, geralmente eu negava.

Aqui no Rio, que ele acha visualmente muito bonito mas também muito agressivo, ele nem freqüenta barzinho porque teme um assédio muito grande e praticamente só sai de casa para caminhar, todas as manhãs, do Arpoador ao Leblon.

Muito sensível, embora também muito irônico, Mário prefere ficar em casa lendo, ouvindo música (de Legião Urbana a "Valsa das flores") ou escrevendo crônicas e poesias.

Mas também admite que embora não goste de se envolver com as fãs, porque elas só o procuram porque ele trabalha na TV, aprecia ler suas

cartas e diz que as senhoras o tratam mais como um filho, o que atribui à imagem de bom moço que ele passa na televisão.

- Teve uma, inclusive, que exigia que eu a chamasse de mãe - conta.

PARA OS COLEGAS, BONITO E CHARMOSO

- "Mário é um ótimo colega. Tem um astral muito bom e sempre brinca com o pessoal que trabalha com a gente. Ele é muito bem humorado, embora passe uma Imagem muito séria pela televisão, porque Isso é preciso para ser apresentador de jornal. Eu o acho muito bonito, mas isso não é o mais importante. Um apresentador não precisa ser um símbolo sexy." - Valéria Monteiro, jornalista e apresentadora do "Fantástico"

- "Mário Vasconcellos é muito bonito, charmoso, e é muito bom ver uma pessoa assim na televisão. Embora não o tenha achado sexy, acho que ele vai se tornar um símbolo sexual, porque as pessoas vão se acostumar a vê-lo no vídeo e uma pessoa bonita sempre vira símbolo." - Luiza Brunet, modelo

- "Eu já trabalhei com o Mário e o acho legal. Ele é um ótimo colega de trabalho e é muito competente. É muito bonito, mas não é metido por causa disso. Eu nunca pensei nele como um símbolo sexy, mas acho que ele pode vir a ser um." - Leda Nagle, jornalista e apresentadora do ''Jornal Hoje"

- "Ele tem cara de bom garoto e para apresentar telejornal tem que ser. assim, mesmo. Não o acho Inovador. Ele é, sem dúvida, um gatinho, mas não chamou minha atenção, acho que precisa aparecer algo novo, alguém mais louco. Ele é muito certinho." - Monique Evans, atriz e modelo

- "Ele tem uma voz muito bonita e parece ter anos de profissão. Além disso, tem um bom entrosamento com a câmera. Acho um tipo diferente, não é bonito, mas muito charmoso. - Flávia Monteiro, atriz

Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 21/7/1989
Autor/Repórter:

PROJETO DE 'JORNAL DA GLOBO S.PAULO' ADIADO

A Rede Globo alterou o projeto de regionalização do "Jornal da Globo", exibido às 23h30. No próximo dia 31, o telejornal passa a ter um bloco de seis minutos com notícias de São Paulo, apresentado por Luiza Sarmento. O projeto previa estréia do "Jornal da Globo o Paulo", de 30 minutos de duração, apresentado pela locutor e Mário Vasconcellos. Ele já apresenta o "Jornal da Globo", no lugar de Eliakim Araújo. O diretor de telejornalismo comunitário da emissora, Woile Guimarães, informou que a mudança foi determinada pelo vice-presidente de operações, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho. Boni já tinha adiado a versão paulista do telejornal por três vezes. Foi ele mesmo quem teve a idéia de regionalizar o "Jornal da Globo", no final de 88.

Woile Guimarães disse que estranhou a decisão de Boni. Afinal, o estúdio da Globo, em São Paulo, foi todo reformado em função da regionalização do telejornalismo noturno da emissora, que vinha sendo desenvolvido há oito meses. Estavam previstos "Jornais da Globo" de Brasília e Belo Horizonte.

Somente algumas emissoras afiliadas à Globo que possuem estrutura operacional independente executaram à risca o projeto de regionalização do telejornal das 23h30. No dia 27 de março, a TV Cabugi, de Natal (RN), colocou no ar o seu "Jornal da Noite", de 30 minutos de duração. Um mês depois, foi a vez da TV Verdes Mares, de Fortaleza (CE), estrear um jornal com o mesmo nome. Em 24 de abril, a Rede Brasil Sul colocava no ar o "RBS - Rio Grande do Sul", feito em Porto Alegre. Na mesma época preparava a estréia do "RBS - Santa Catarina", produzido em Florianópolis.


Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 17/12/1992
Autor/Repórter:

EDIÇÕES EXTRAORDINÁRIAS

Nada será como antes no jornalismo da Rede Globo em 93. A começar pelo "Jornal da Globo", que passará a ser gravado e produzido em São Paulo. Independentemente de Lilian Wite Fibe aceitar o convite para dirigir e apresentar o telejornal, é certo que a equipe não ficará no Rio. Mas as surpresas não param por ai. O "Jornal Hoje" também terá um novo integrante. É Mário Vasconcellos, que, além de divulgar as notícias, vai dividir o comando do programa com o editor-chefe Marcelo Matte. Já Valéria Monteiro voltará ao "Fantástico" em janeiro, ao lado de Isabela Farias e Celso Freitas. Não é tudo. Direto de Nova York, Paulo Francis terá um quadro diário no "Jornal da Globo", no qual fará análises dos telejornais americanos. E, por enquanto, é só..


Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 7/4/1993
Autor/Repórter: Adriana Ferreira

DE OLHO NAS MULHERES DA TARDE

As noites de Mário Vasconcellos serão mais longas. Em compensação, as suas manhãs ficarão bem curtas. A partir do dia 19 de abril Mário não estará mais no "Jornal da Globo" - que será ancorado por Lilian Witte Fibe - e passará a comandar o "Jornal Hoje". Além de apresentar o telejornal, ele estará diante de um grande desafio para os seus 29 anos: assumir o cargo de editor-chefe. Um dos objetivos principais será o de ficar mais próximo do telespectador feminino, apontado como o público alvo do "Hoje".

Mário Vasconcellos deverá estar com os seus olhos voltados para a mulher 90. E para seduzir a ala feminina o novo editor-chefe do "Hoje" pretende combinar o noticiário do dia a dia com reportagens de serviço, do interesse da dona-de-casa.

- Teremos um bloco de defesa do consumidor, por exemplo. Vamos falar também de saúde, beleza. Pretendemos tratar a moda como algo palpável e não inatingível. Já nas reportagens que abordam assuntos mais importantes, pensamos em incluir algumas análises. Isto pode ajudar o público a entender temas que estão um pouco longe da sua realidade imediata - explica.

Mário confessa que levou um "baita susto" com o convite para ficar à frente do "Hoje". Sempre gostou de edição, algo que fez muito em São Paulo. No Rio, conta, trabalhava ao lado de editores-chefes e até dava palpites no que estava acontecendo. Chegou a imaginar que, um dia, poderia chegar a um cargo de editor. Mas, para ele, esta possibilidade surgiria somente quando "chegasse aos 35 anos".

- Se a história me passou uma rasteira e me colocou diante deste desafio, preciso me empenhar ao máximo. Mais ainda: tenho que delegar a minha equipe esta mesma responsabilidade. Trabalho em televisão não anda se todos os envolvidos não estiverem entrosados - ensina.

Uma linguagem solta, bem próxima do coloquial é uma marca que Mário quer imprimir ao "Hoje" para "conversar mais com o telespectador". Da mesma forma, os repórteres terão mais liberdade em seu trabalho. Os cenários do "Hoje", porém, não sofrerão modificações agora.

Em um momento em que a Globo está procurando modificar a linguagem dos seus jornais de ponta - o "Hoje" e "Jornal da Globo" - é necessário que o "Hoje" desenvolva o seu charme e personalidade - pensa.

Há três anos e nove meses no "Jornal da Globo", Mário se despede no dia 16 de abril. Mas já está freqüentando os corredores da emissora na parte da manhã para "ver como é a correria do "Hoje". Ele ainda vai apresentar aos sábados, revezando com Léo Batista e Carlos Nascimento, o "Jornal Nacional". No dia 19 de abril, Mário estréia, ao lado de Cristina Ranzolin que também fará reportagens - apresentando a nova cara do "Hoje". Enfim, o novo editor-chefe vai mostrando o que ele considera ser um bom telejornal.

- Acho que é aquele que fornece informação o tempo todo sem que o telespectador se sinta tentado a mudar de canal. E para isto, é necessário uma mistura muito equilibrada de técnica, de arte e feeling - diz.

É isso aí, Mário.

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 20/4/1993
Autor/Repórter:

BOAS NOVAS NO 'HOJE'

O telejornal Hoje mudou muito mais do que parece à primeira vista. A novidade não se resume à presença de Mário Vasconcellos como locutor permanente. A escolha de Mário é significativa porque marca o fim de certos preconceitos que até há pouco regiam as apresentações dos telejornais: de manhã e à tarde, a Globo costumava, preferir locutoras mulheres; à noite, reinavam soberanos os homens. Agora, o Jornal Nacional e o Jornal da Globo têm mulheres na linha de frente da telinha (Valéria Monteiro e a excepcional Luiza Sarmento) e o Hoje, com Mário, inicia uma nova fase, que privilegia matérias de serviço e defesa do consumidor, além de um maior investimento em investigações policiais com um tratamento visual discreto, à base de desenhos. Um exemplo da estréia: a reportagem sobre o funcionamento dos fornos de microondas, que culminou numa receita de prato de massas. Em matérias de serviços, porém, há muito a ser feito para se evitar o tom de merchandising da noticia. O melhor rendimento ficou mesmo com as reportagens policiais, muito bem feitas. Quanto à inventividade, não há o que supere o Esporte espetacular, exibido aos sábados, de longe o melhor telejornal da Globo, mesmo quando derrapa, aqui e ali, no exagero das gracinhas. Como não há tempo hábil para se imprimir a mesma sofisticação a um telejornal diário, o Hoje poderia, ao menos, continuar a sublinhar a distância entre reportagem e propaganda.

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 14/3/1998
Autor/Repórter:

MÁRIO VASCONCELLOS E ISABELA FARIAS FARÃO JUNTOS A APRESENTAÇÃO DO JORNAL NACIONAL

Luiza Sarmento volta ao 'Jornal da Globo' e Sandra Annenberg vai para o 'Hoje'

Mário Vasconcellos e Isabela Farias voltarão a atuar lado a lado. No fim do mês, quando entrar no ar a nova programação da Rede Globo, os dois estarão apresentando o "Jornal Nacional". Ainda surpresa com a noticia, Isabela diz que precisará de um tempo para assimilar a idéia:

- Ainda estou zonza, eu não acredito que vou apresentar o maior telejornal do país - diz a jornalista.

A mudança no principal telejornal da emissora acarretará alterações nos quadros de outros. As novas duplas de apresentadores estrearão em 29 de março. A partir desse dia. um domingo, Carla Vilhena - até então substituta oficial de Isabela Farias - passará a ocupar definitivamente o posto de apresentadora do "Fantástico", dividindo a bancada com Pedro Bial.

MÔNICA WALDVOGEL PODE APRESENTAR O "BOM DIA, BRASIL"

Entre as principais mudanças estão a volta de Luiza Sarmento ao "Jornal da Globo". A jornalista, cujo vinculo com a Globo terminara em 8 de março, renovou contrato esta semana e acertou sua volta ao telejornal que comandou entre 1993 e 1995. Sandra Annenberg, que está apresentando o noticiário noturno, assumirá o "Jornal Hoje". Ela conta que não ficou surpresa:

- Como há muito tempo vem-se fazendo todo tipo de especulação, tudo passou pela minha cabeça, inclusive esta possibilidade. Eu gostei muito da proposta que me fizeram e achei que, de maneira geral, as soluções foram muito acertadas.

Até então titular do "Hoje", Mônica Waldvogel - cujo contrato na Rede Globo está prestes a vencer - foi convidada a apresentar o telejornal "Bom dia, Brasil". A jornalista, que está entrando de férias, já não comandará nem apresentará o "Hoje" a partir da próxima segunda-feira.

Ana Fonseca acha a escolha de Isabela Farias perfeita para o "Jornal Nacional":

- A Isabela tem as duas qualidades fundamentais para esta função. E experiente e conta com a simpatia do público. Eu a conheço há 12 anos. Trata-se de uma colega de trabalho exemplar, que nunca fala mal de ninguém. E os dois tem uma história profissional individual sólida; nunca fez aquele marketing bobo. Já Carla Vilhena é perfeita para o "Fantástico", tem cara de festa.

Os jornais locais também mudam. Carlos Nascimento assume o "Bom dia. São Paulo". Em seu lugar, no "SP-TV 2a edição", entra Carlos Tramontina, até então substituto oficial de Nascimento. Tramontina, que dividirá a apresentação com Débora Menezes (atual apresentadora da edição paulista do "Globo Esporte"), ficou animado com a mudança:

- Fui editor do "Bom dia. São Paulo" sete anos e meio, e do "SPTV 1- edição" por um ano e meio, mas esse é o maior desafio da minha carreira. Vou apresentar o noticiário local mais importante, que é exibido no horário nobre, tem o maior público e mostra o resumo de todas as principais notícias do dia - vibra.

MÁRIO E ISABELA JÁ HAVIAM FEITO O "JORNAL DA GLOBO"

O "SP-TV 1ª edição" ficará a cargo de Mariana Godoy e Pedro Tom. No Rio, Cláudia Cruz assume o "RJ-TV 1ª edição", enquanto Renata Capucci fica com o "RJ-TV 2ª edição". O "Bom dia. Rio" continua com Márcio Gomes. Ele entrou no telejornal a princípio provisoriamente, para substituir Isabela Scalabrini, que saíra de férias. Mas acabou ficando no posto depois que ela foi transferida para Belo Horizonte:

- Fico feliz, adoro o telejornal. E a Isabela Farias é perfeita para o "Jornal Nacional", é carismática e tem credibilidade.

Mário Vasconcellos e Isabela Farias já haviam compartilhado a mesma bancada: os dois apresentaram o "Jornal da Globo" entre 1989 e 1993.


Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo
Data de Publicação: 29/8/1999
Autor/Repórter: Carla França

"O 'JN' É A NOSSA DROGA"

Mário Vasconcellos e Isabela Farias comemoram juntos os 30 anos do programa

Quando o Jornal Nacional foi ao ar pela primeira vez, Mário Vasconcellos, de 35 anos, e Isabela Farias, de 36, estavam no primário. Hoje, titulares da bancada, falam com orgulho sobre como é atuar no noticiário mais antigo da TV brasileira.

Estado - Qual a primeira lembrança sobre o JN?

Mário Vasconcellos - Era moleque, mas lembro da primeira edição. Quando dividi a bancada com Cid Moreira, em 1989, não parava de olhar para ele, de tanto orgulho.

Isabela Farias - Na minha primeira reportagem, em 1987, fiquei surpresa com a quantidade de pessoas envolvidas no processo. E no verão de 88, levei um susto. Era a primeira vez que eu entrava ao vivo no JN, fui cobrir enchentes no Rio. Quando peguei as anotações, estava tudo borrado. Acabei falando de improviso.

Estado - Como sentem a responsabilidade?

Isabela - Nesse um ano e meio, tenho aprendido diariamente.

Mário - Não é uma atividade qualquer. É uma honra suprema pôr esse negócio no ar. O JN é a nossa droga, somos dependentes.

Estado - Como lidam com as críticas?

Mário - Se quisessem discutir algo há 20 anos, podia até ser. A linha editorial passou por mudanças desde que Evandro Carlos de Andrade assumiu a Central Globo de Jornalismo. Foi quando os apresentadores passaram para a equipe de produção e conteúdo, quando o jornal ganhou agilidade. Acho hipocrisia e preconceito, principalmente da mídia, que acusa o JN de não aprofundar os assuntos ou ser oficialesco. Não é verdade. Não há assunto proibido.

Isabela - Todos os jornais impressos e os demais telejornais fazem o mesmo que a gente. É uma questão de visibilidade.

Estado - Alguma gafe?

Mário - Há o mico clássico. Quando voltei das férias, em novembro de 97, desejei boa noite antes do jornal acabar. Não foi a primeira vez nos meus 14 anos de telejornalismo. Espirro é coisa que me dá vontade sempre, por causa da maquiagem, mas a adrenalina deve inibir. Quando exibem imagens, aproveito para espirrar.

Estado - Qual é sua rotina?

Isabela - Chegamos na Globo às 14 horas, para a reunião de pauta. Além de fazer textos, sirvo de S.O.S para novos repórteres do JN. Dou toques, sei como funciona a coisa. Vamos embora logo depois do jornal.

Mário - Mal nos vemos na redação. Às vezes, tomamos um café. Se há alguma notícia que ela tenha em primeira mão, ela me manda mensagem por computador.