UM GRANDE REPÓRTER NA GRANDE BATALHA
Meus caros leitores:
Muitos de vocês devem conhecê-lo, mas poucos devem saber que o jornalista Renato Machado é um botafoguense apaixonado. Amante dos vinhos e da boa música, Renato está sempre muito elegante. No dia seguinte à conquista da Taça Rio desse ano, o âncora do Bom Dia Brasil surpreendeu muita gente nos corredores da Tv Globo. Quem se aproximasse, ele dava as costas. Não, não era sinal de falta de educação. Era para mostrar parte de seu vestuário. Às suas costas repousava a camisa do Botafogo. - É que estou com muito frio!, justificava, tirando sarro com os adversários.
Renato, como todo bom botafoguense, estava no Maracanã, dentro de campo, no dia 21 de junho de 89. Dois dias depois da conquista, o Globo Repórter exibia o fruto desse trabalho, a pura essência de paixão e profissionalismo. Transcrevo trechos da matéria, em forma de poema, porque Renato merece.
Mais ataques do Flamengo
E quase se ouviam no estádio as orações dos botafoguenses
A saída de Zico parecia um aviso lá de cima
A sorte ia mudar
Desta vez o choro de Sonja tinha outro sentido
Era a felicidade suprema, um estado de graça
Torce Afonsinho, salva Ricardo
Reza todo mundo. Chora moçada
Bate coração. Vai camisa sete
Vibra gandula, olha pra cima Marquinho
A torcida está empurrando
Os deuses parece que estão ajudando
A luz que está subindo ganha aos poucos os contornos de uma estrela
uma estrela branca em fundo preto, imagem do infinito
O fim está chegando, é hora de dar a mão
Este grito preso na garganta
só os deuses do futebol podem explicar
Depois do texto, coberto com imagens do jogo, Renato aparece, microfone em punho. Fala, Renato!
- Mais da metade do Maracanã foi tomada pela torcida do Botafogo. É um acontecimento extraordinário, sobretudo porque essa torcida não sabia o que era um título há mais de 20 anos. Por tudo isso o título é do time que lutou mais, mas é sobretudo da torcida. A constância e a fidelidade dela desafiam a razão.
A matéria acaba com um Renato torcedor, falando com Maurício, o herói do título:
- Eu falei, o negócio é a camisa 7!