terça-feira, 14 de outubro de 2008

Renato Machado - reportagens sobre o Lucas

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 22/8/1982
Autor/Repórter:

(SEM TÍTULO)

Entre Belisa Ribeiro, Lucas Alvares e Luciana Villas Boas há, além da profissão, um forte ponto em comum: estão todos absolutamente apaixonados pelo que fazem agora e se confessam deslumbrados com a força, a beleza e o poder da imagem. Acostumados a trabalhar usando apenas a linguagem escrita, de repente sentem-se dominados e desafiados pela linguagem visual que a televisão oferece e exige. Luciana, que já havia enfrentado as câmaras anteriormente, na TV Educativa, mas ainda está um pouco assustada com a mudança que sua vida sofreu nos últimos meses, comenta:

- O trabalho que fazemos atualmente é tão estimulante e absorve tanto nosso tempo, que eu, por exemplo, não consigo adormecer antes dos duas e meia da madrugada. Belisa diz que sua maior preocupação e mostrar-se compreensiva com os convidados do programa:

- Sei muito bem que como é o nervosismo que eles sentem, porque já passei por isso. A gente pode estar inteiramente segura de que do que está fazendo, do que vai falar, mas a câmara realmente assusta um pouco. Eu ainda não me acostumei e estou desde novembro na Globo e no vídeo. Como sou muito exigente comigo mesma, sempre acho que o que fiz poderia ser melhor.

O jornalismo parece não ter segredos para Lucas Alvares, que iniciou sua carreira há 15 anos, na Rádio BBC de Londres.

- Comecei numa época muito especial. Entre 67 e 68, aconteceram coisas importantíssimas no mundo: os primeiros movimentos de contestação nos Estados Unidos, o assassinato de John Kennedy, a guerra do Vietnã, os Beatles, a minissaia. Eu estava em Londres e isso me influenciou muito na escolha da política internacional como setor de especialização, onde trabalhei muitos anos. Aprendi muito, mas também descobri coisas novas, essenciais até, com a televisão. Ela tem a imagem, o tempo, o minuto. Este imediatismo da TV faz com que a gente viva sempre num clima de envolvimento total, dentro da alta temperatura das matérias, do que está acontecendo e a imagem está mostrando. Belisa, Lucas e Luciana estão ligadas no ''Jornal da Globo'', embora, oficialmente, comecem a trabalhar às 13 horas, quando se reúnem para discutir as matérias que vão apresentar à noite. Depois, saem para as reportagens de rua e, no final da tarde, voltam para escrever e editar o material colhido. Em seguida, uma rápida passadinha em casa para troca de roupa e a volta à redação para os preparativos finais, antes de o programa entrar no ar. Enquanto vai em casa, Belisa aproveita para conversar com os filhos, Gabriel e Thiago, de 9 e 4 anos, sobre os acontecimentos do dia:

- Quando vim para a Rede Globo, sabia que o trabalho, com o qual tenho sempre uma relação de entrega total, ia me absorver multo. Expliquei aos meus filhos que ia ter menos tempo para estar com eles e prometi compensar nos fins de semana, quando salmos para longos passeios. Solteira, Luciana mora com os pais, enquanto decora um apartamento para se mudar no fim do ano, e está concluindo o curso de Comunicação pela manhã. Formada em História, até pouco tempo pensava em ser apenas professora universitária:

- Resisti ao jornalismo porque minha família toda é ou foi jornalista e eu queria ter uma vida acadêmica, dedicada somente aos estudos. Mas, curiosamente, meu primeiro emprego foi na Rádio BBC, em Londres, onde fui morar aos 18 anos. Trabalhei lá dois anos. Na volta ao Brasil, me formei e não pensava em jornalismo. Fui para a TV Educativa como roteirista e acabei apresentando pequenos programas, até o convite para o ''Jornal da Globo". Ainda não deu para me adaptar à nova vida e sinto falta de tempo para correr oito quilômetros diariamente, como fazia antes.
Lucas Alvares foi contratado inicialmente pela Rede Globo para fazer o ''Globo Repórter''. Com a guerra das Malvinas passou a fazer comentários nos telejornais. Participou também de quatro programas da série "Sem censura" e, durante a Copa do Mundo, passou um mês trabalhando no escritório da emissora em Londres. Solteiro, morando sozinho, Lucas conta que ouvir música - "de preferência erudita, de preferência moderna" - é o que mais gosta de fazer. Mas também não esconde que adora preparar um bom prato e garante que a comida, quando é feita por quem gosta de cozinhar, tem um gosto diferente. Como quem gosta de comer bem gosta de beber bem, sua paixão são os vinhos:

- Tenho uma grande biblioteca especializada no assunto, mas infelizmente não tenho dinheiro para ter a adega que gostaria. Não bebo sempre os melhores vinhos, mas sei tudo sobre eles.

Fora do trabalho, Belisa, Lucas e Luciana se ocupam de coisas diferentes, mas têm ainda um outro ponto em comum: gostam muito de ler, estudar e, principalmente, de se manter informados sobre todos os acontecimentos.



Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 15/12/1991
Autor/Repórter: Sônia Apolinário

LUCAS ALVARES

Capacidade de improvisação é o que o jornalista Lucas Alvares mais exercitou desde, que começou a apresentar na Rede Manchete o telejornal "Noite e Dia'', exibido ao vivo às 23h30. As entrevistas são o ponto alto do programa. Como a realizada, há 15 dias, com o casal Chico Anysio e Zélia Cardoso de Mello.

Pelo formato do telejornal e o seu horário, "Noite e Dia'' tornou-se um concorrente direto do "Jô Soares Onze e Meia", do SBT. "Eu tenho um gigante no horário", diz Lucas.

Ele acha que não tem chances contra o charme do amigo Jô. Mas Lucas, 48, tem suas armas. A principal delas é a experiência. Dos seus 24 anos de profissão, passou 14 no "Jornal do Brasil" e outros dez na Rede Globo. Sempre como correspondente estrangeiro.

"No exterior a gente aprende a se virar. Lá fora, o Brasil não é nada. Não adianta dizer que é da Globo. Então, você aprende a ter humildade e a ficar atento. Lá fora, é difícil ter tempo pá ra consertar erros", contou Lucas.

Agora, uma das coisas que mais faz é consertar erros. É com bom humor que ele lembra que várias vezes o programa começou sem estar totalmente fechado. Ou de terem apagado por engano uma fita com uma entrevista previamente feita porque o entrevistado não poderia ir ao estúdio no horário do programa.

Segundo ele, também é comum olhar para o teleprompter (onde ficam os textos lidos pelos locutores) e não ter nada lá. "Às vezes, vou para o ar vasculhando papéis na mesa e fico tentando ganhar tempo. Quando não tem jeito, a melhor coisa é falar com o público. Esses erros aproximam o âncora do público", disse Lucas.

Ele contou que a maior dificuldade que enfrenta é convencer as pessoas a irem ao estúdio. O horário é o seu principal inimigo. Lucas diz que chega a implorar. Se não dá certo, parte para o seqüestro mesmo.

Uma vez esperamos o deputado Baby Bocayuva na pista do aeroporto Santos Dummont. Botamos ele no carro da reportagem e levamos para o estúdio. Depois o deixamos na festa em que iria", lembra Lucas.

Para ter condições de improvisar, Lucas estuda. Duas horas antes de o programa ir ao ar, lê todo o material disponível sobre os assuntos a serem abordados.

O "Noite e Dia" começa a ser feito às 13h. Mas Lucas só vai para a Manchete às 19h. Nesse período, fica em casa, a maior parte do tempo no telefone com a produtora-executiva do programa, Ângela Pontual.

Em casa, Lucas continua improvisando. Para relaxar, seu atual hobby é catalogar os inúmeros CDs de música clássica. E fazer café com grão que mói em casa.

Se não fosse jornalista, Lucas diz que gostaria de ser produtor de eventos ligados à música clássica. O ex-conselheiro de ópera do Teatro Municipal do Rio, um dia já foi artista.

Em 69, o então estudante de Direito da Puc do Rio era ator e assistente de diretor. Diz ter perdido as contas de quantas peças participou. Cita como uma de suas preferidas, "Galileu, Galileu", que atuou como ator.

Em ''Romeu e Julieta", dirigiu o amigo Jô Soares. "Era uma década de explosão criativa e isso nos empolgava", disse Lucas que começou a ganhar dinheiro como dublador de filmes, aos 20 anos.

- Um dia, viu um anúncio e um teste para locutor da BBC de Londres. Fez, passou e morou na Inglaterra por dois anos. Nasceu aí o jornalista apaixonado por reportagens internacionais.

Não foi por acaso que Lucas foi enviado pela Manchete para a Guerra do Golfo e acabou testemunhando um bombardeio em Tel Aviv. Ele foi um dos jornalistas condecorados com a Ordem do Rio Branco, em maio, pelo presidente Fernando Collor.

Trocar a Globo pela Manchete foi, segundo Lucas, a oportunidade de desenvolver um novo projeto profissional. A antiga emissora o sondou, em julho, para voltar. Lucas ficou na Manchete porque acha que seu programa, com sete meses de idade, ainda não completou seu ciclo.

"Na Manchete, é como se a gente começasse tudo de novo. Não temos a infra-estrutura da Globo e isso faz com que o empenho seja maior. Correr riscos é muito sedutor", disse Lucas.


Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 10/7/1992
Autor/Repórter:

FIM

Assiste-se hoje ao capitulo final do programa Noite-Dia, estrelado com brilho e competência ao longo de um ano e quatro meses na Rede Manchete, pelo jornalista Lucas Alvares.

Boa noite.

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 14/8/1992
Autor/Repórter:

CASA NOVA

O jornalista Lucas Alvares está de casa nova.

Deixou a TV Manchete e voltou de armas bagagens para a TV Globo.

Estréia hoje na tela apresentando um segmento do Globo repórter, com o dream team brasileiro do vôlei.

Quem também mudou de canal foi a apresentadora Leda Nagle.

Fechou contrato ontem com o SBT para apresentar um programa diário de entrevistas.

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 12/11/1995
Autor/Repórter:

NOVO RUMO EM 'CEM ANOS DE CINEMA'

Jornalistas apresentarão a minissérie

Surpresos, mas lisonjeados por terem sido escolhidos para apresentar a minissérie "Cem anos de cinema", que a Rede Globo exibirá a partir do dia 21, os jornalistas Lucas Alvares e Isabela Farias começaram a gravar sua participação na semana passada.

Pelo projeto inicial, oito atores dividiriam a apresentação da minissérie, que seria gravada no Projac. Mas o diretor Jorge Pontual (que também é editor-chefe do "Globo repórter") desistiu da idéia por dois motivos:

- Nós tínhamos superdimensionado a apresentação. Com oito atores, ela ocuparia um tempo muito grande do programa, em detrimento dos filmes. E a contratação dos artistas, junto com a construção de um cenário no Projac, representaria a metade do nosso orçamento - diz Pontual, sem revelar quanto custará a minissérie, que está sendo gravada na própria emissora, no Jardim Botânico.

A escolha dos apresentadores foi feita por Evandro Carlos de Andrade, diretor-geral da Central Globo de Jornalismo, e mais do que aprovada por Jorge Pontual:

- Foi excelente. A Isabela é nossa melhor apresentadora, a mais famosa e a que tem mais traquejo. E o Lucas tem uma excelente narração e muito glamour - elogia.

Especialmente interessado nos caminhos da sétima arte, Lucas Alvares está entusiasmado com o trabalho:

- Fiquei comovido. Este é um assunto apaixonante, e minha geração foi muito influenciada pelos mitos do cinema: na adolescência, eu era rato de cineclube e, no início da minha carreira, trabalhei em cinema - conta.

Isabela Farias também ficou feliz da vida:

- Vinha lendo várias coisas que saíam sobre a minissérie, era um programa que eu queria muito ver. Fiquei. orgulhosa quando soube que iria apresentá-la - diz.

"Cem anos de cinema" será exibida de 21 de novembro a 1 de dezembro, de terça a sexta-feira, sempre às 22h30m. O tema do primeiro programa será a fantasia.


Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 13/4/1996
Autor/Repórter: Vera Jardim

MADRUGANDO COM A NOTÍCIA

Telejornais acordam apresentadores às quatro da matina

Eles passaram a ter uma vida de entregador de jornal. Acordam às 4h da manhã e, às 5h, estão na redação da TV Globo, no Jardim Botânico, para preparar os dois primeiros telejornais da emissora. Dar bom dia ao telespectador às 7h requer muito sacrifício de Priscila Brandão, apresentadora do Bom dia Rio, e de Lucas Alvares e Ana Fonseca, do Bom dia Brasil.

Para não perder a hora, os três têm mesmo que ir para a cama sem o Jô (Soares) e festas durante a semana, só saindo antes de o jantar ser servido, Mas nem tudo é espinho na vida dos madrugadores da notícia: com toda a cidade dormindo, eles pelo menos ficaram livres dos engarrafamentos. E nada como um bom banho frio e uni café bem forte para encarar uma rotina que começa tão cedo.

Priscila Brandão, 27 anos, há um ano apresentando o Bom dia Rio, já estava acostumada a levantar com o galo cantando. mas agora acorda antes dele. Com a antecipação do jornal de 7h30 para 7h, ela teve que reprogramar o relógio biológico. "Custei a me acostumar porque sempre gostei muito de curtir a noite", confessa.

Preocupados em manter a boa forma física, Ana Fonseca, 35 anos, e Lucas Alvares, 53, tinham o hábito de acordar às 7h. Três horas menos significa alterar drasticamente a rotina. Ana, por exemplo, terá que passar a pedalar os 18 quilômetros diários e fazer alongamento à tarde. Mudança similar terão as caminhadas de Lucas na Lagoa Rodrigo de Freitas. Mas enquanto o novo formato do Bom dia Brasil - que estreou há duas semanas, às 7h30 - não fica cem por cento, os dois têm hora para chegar à emissora. Mas para sair...

Ana, até então, funcionou como uma espécie de coringa no jornalismo da Globo. Durante os 16 anos de casa, além de atuar como repórter, só não foi dublê de apresentadora do Jornal nacional. A possibilidade de se fixar num programa jornalístico acabou superando o sacrifício de acordar quando ainda é noite. "Já levantava cedo, às 7h. Mas o pior vai ser acordar às 4h no inverno.''

A primeira vista, pode parecer que tenham colocado Lucas Alvares de castigo no estúdio da Globo. Mas, segundo o veterano, foram as muitas viagens e reportagens nacionais e internacionais que lhe deram bagagem para a atual função. "O apresentador de telejornal precisa dominar os assuntos", acredita.

Longe dos olhos, perto do coração. A máxima caracteriza bem a recente decisão de Priscila. Não podendo acompanhar a natureza boemia do namorado e também apresentador Fernando Vanucci, ela voltou a morar sozinha. "Ele até tentou mudar seus hábitos em função de eu não poder acompanhá-lo, mas estamos melhor em casas separadas." Mineira de Juiz de Fora, Priscila começou como repórter há cinco anos na TV Búzios, passando depois pela TV Serra Mar, de Nova Friburgo. Hoje, a jornalista acha que se ajusta bem melhor ao estúdio. "A gente aprende muito".


ornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 11/5/1996
Autor/Repórter: Mônica Soares

A GLOBO DÁ PUXÃO DE ORELHA NA IMPRENSA

Por que a crítica nunca foi alvo da crítica? A imprensa costuma reinar absoluta como dona da verdade, sem que este poder seja questionado. O jornalista Lucas Alvares, que há algum tempo se incomoda com esta questão, abriu um espaço dentro do telejornal Bom Dia Brasil para analisar friamente os principais jornais do país. Ele explica que nem todos os dias faz o julgamento dos periódicos, mas que não teme fazê-lo quando percebe "alguma coisa que merece ser criticada".

E a primeira vez que a TV Globo dá espaço para este tipo de análise em um de seus telejornais. Lucas Alvares, 53 anos, dono de um invejável currículo que inclui anos de experiência com reportagens internacionais acha que era preciso "abrir esta janelinha" para comentar os furos da intelligentsia nacional, que não são poucos. "Nunca recebi elogio nem crítica por causa desses comentários, inclusive porque faço muito pouco. Mas acho que é preciso admitir que a imprensa também erra, e muitas vezes comete injustiças. Às vezes é por causa do enfoque, às vezes por erro de português. A imprensa adora distribuir pau em todo mundo, sobretudo na televisão, e agora o Bom Dia tem sua tribuna livre", diz ele.

Há um mês no ar com o novo formato, o Bom Dia Brasil, assim como o Bom Dia Rio, "tem recebido boa resposta do público e da tal crítica. Melhor seria impossível", garante Lucas Alvares, que desconhece os números da audiência. "Não dá para comparar com os outros telejornais, porque às sete da manhã muita gente ainda está dormindo, sobretudo no Rio. Mas sei que a nossa briga não é com os concorrentes, e sim contra os aparelhos desligados", afirma. Uma coisa é certa: a essa hora a televisão já está ligada nas redações dos jornais...


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