quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Vira-lata, por João Carlos Viegas

O repórter João Carlos Viegas, da Rádio Globo, me mandou uma mensagem com um texto brilhante, Vira-lata, espero que vocês, amigos da Rede Monstro, gostem do texto. Eu volto a qualquer momento.

Ruffus, um pitbull, salvou um recém-nascido que fora jogado num rio pela mulher que tinha gerado a criança fazia pouquinho tempo. O neném estava enrolado num saco plástico e só não morreu porque Ruffus chamou a atenção do dono que pegou aquele embrulho chamando socorro. O caso aconteceu em Bangu, bairro carioca, e mostrou o lado bom de um pitbull, cachorro que tem freqüentado o noticiário com ataques furiosos e destruidores. No entanto, Ruffus não é um pitbull puro mas mestiço com vira-lata. E eu fiquei pensando quanto temos sido injustos com os vira-latas. Na verdade, quem salvou a criança foi um pitbull sim mas com coração de vira-lata. A humanidade precisa não ter vergonha do seu lado vira-lata. Barak Obama fez isso ao dizer que levaria para a Casa Branca um cachorro vira-lata como ele. Não, não foi uma admissão de inferioridade mas de nobreza porque já estamos cansados de dirigentes com ‘pedigree’ no físico ou pior; na cabeça. Tem gente de nariz empinado demais, se julgando superior demais e, sinceramente, pouco essa turma fez pelo mundo. Alguns até jogaram a humanidade no mais triste fracasso.Não, não estou dizendo que devemos deixar de lado a cultura, a inteligência, o refinamento e a elegância. O que precisamos é abandonar qualquer ideologia de superioridade e todos os argumentos que nos jogam na cara com possíveis comprovações de inferioridade. Já ouvi dizer que o Brasil não dá certo porque é tropical, por exemplo; e que o Berimbau seria prova de limitação intelectual. No calor tropical de Bangu, Ruffus, o pitbull vira-lata nos ofereceu uma rara sinfonia de generosidade que me soa tão bem aos ouvidos quanto uma boa batida de uma bem jogada roda de capoeira.
Esta mensagem foi enviada por João Carlos Viegas.

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